Eduardo Luz já é experimentado tanto na ficção como no ensaio. Na ficção, deixou títulos na primeira metade dos anos 1980, sendo Depois – Depois das Guerras (1985) o que lhe fecha a primeira fase artística. No ensaio, reúne a pesquisa acadêmica (UFC), com destaque para a obra de Machado de Assis. Nessa linha, seu mais recente título é o ousado O romance que não foi lido: Helena, de Machado de Assis (2017), que põe em dúvida a fronteira entre romantismo e o realismo machadiano.
Agora chega o romance Bem muito, temporão que testemunha toda uma vida dedicada à Literatura. Bem muito é um pequeno grande romance construído como um jogo, cujas peças são os enunciadores explicitados no paratexto – escritores, filósofos e músicos –, e os jogadores são os atores que vivem a viagem pelo espaço-tempo de uma existência a um tempo breve e eterna, já que a ontogênese recapitula a filogênese, no dizer de Lauro de Oliveira Lima, citando Piaget.
Trata-se de uma narrativa breve, sequenciada em 52 pequenos episódios, consumíveis numa assentada. O enredo é aparentemente simples, acompanhando a construção de uma jovem amizade a três: a dinamarquesa Trine, a brasileira Amarílis e o brasileiro Arduíno. Mas essa simplicidade é enganosa, pois, na linha dos clássicos, o romance prova que é complicadíssimo chegar a uma síntese clara e equilibrada, qualquer que seja a semiose entre os planos de conteúdo e de expressão, como quis o também dinamarquês Hjelmslev.
Dados do Livro
AUTOR:
Eduardo Luz
PÁGINAS: 114
ISBN: 978-65-87371-03-0
ANO: 2020
VALOR: R$ 20,00